quinta-feira, 10 de abril de 2008

Digam "olá" ao vovô Rockie

"Sem nenhum som você está me chamando, e eu não acho isso muito justo”

“Without a sound you're calling me, and I don't think it's very fair” (I bet that you look good on the dancefloor, Artic Monkeys)

Escutamos histórias contadas antes de irmos dormir sobre uma época mágica em que jovens se levantavam das salas de jantar e pulavam as janelas para gritar, espernear, lutar contra hipocrisia e apatia. Era preciso mudar o mundo. Eles balançavam suas cabeças, amorteciam os nervos e turbinavam os sentidos. Havia alguma esperança, mesmo sem perspectiva de vida. Sim, havia uma chance.
A arte do rock´n roll. Obscena, de Elvis Presley. Assassina, do The Clash. Demoníaca, do Black Sabbath. Revoltada, dos Mutantes. Suicida, do Nirvana. Ficaríamos horas tricotando os adjetivos da arte de roquear, e isso seria inútil e injusto já que não sabemos se nós, pobres almas com menos de 3 décadas nas costas, somos dignas de tal honra.
É que dizem as más línguas que o rock morreu junto com o punk. Outras falam que ele foi enterrado com Kurt Cobain. Para não haver empate há a crença de seu óbito ter sido a partir do momento em que Ozzy (e a família Osbourne) e Alx Rose deixaram de ser rock stars para virarem piada.
Não, o rock não está morto. Independente da sua qualidade, não podemos ignorar o hard core, o indie, o pop punk, o emo, o eletro punk, ou qual for a inovação artística que temos nos tímpanos.
Apesar disso não há mais glamour, nem histórias de revolução ou mesmo história de ideologias, como em seus tempos áureos. Como pode esse tal de roqueirol sobreviver ? Ele está fora de moda. Além disso, para praticar essa arte não é mais preciso ir contra nada que esteja fora de seu umbigo, nem mesmo ter idéias próprias. Você pode dizer que não é necessário ser "anti" para fazer rock mas, primeiro, recapitule o nosso tricô de adjetivos no início dessa conversa. Agora, se lembre dos artistas rockers vivos que estendem a bandeira punk, mas fazem exibições milionárias em reality shows ou propagandas da marca do capitalismo gaseificado. Aqui temos que lembrar e aplaudir os srtey edy por suas batalhas contra carne?
O círculo - que antes fora quebrado - se estreita. Não vemos quem supere Raul Seixas, e o Ira nunca mais será o mesmo. Existirá tamanha audácia como God Save The Queen, dos Pistols, outra vez? A década de1960 parece ter acontecido há 10 mil anos atrás...
A opinião que domina é a de que as gravadoras e a mídia ditam a regra. A arte de fazer rock é obra delas, agora? Pode ser, mas houve a explosão da internet, e o que temos hoje não é só anarquismo para o consumo de música como também a liberdade de se criar e veicular o seu som com independência comercial. E pense na velocidade desse processo: nosso querido vovô rockie aumenta a família a cada piscadela. Em uma bem feita melodia encaixa-se uma letra quase invisível, como o hard rock, mas é outra coisa. Num arranjo bagunçado uma letra arrepiante, como o punk, mas tem outro tom.
Deuses não morrem. Perdem publicidade, mas nunca o brilho. Talvez essa geração da década de 80, que nasceu junto com uma das supostas mortes do rock, nunca saiba o que significa um grande festival. Mas podem lambuzar suas mãos e criarem o que quiserem com inúmeras influências e nada na cabeça. Bem, com sorte terá alguma idéia a ser vomitada, mas se têm azar ou não já é outra história.



Luciana Araújo

2 comentários:

Rose Marques disse...

Noooooooossa!
Que texto, hein?
Tô de queixo caído!!!!!
Demais, Lu! Se vierem mais textos "rasos" assim, nós estamos bem arranjados!
Demais, demais, demais!

Lucia disse...

Adorei, pena que não fui a virada cultural, mas dá para ter uma noção, vc fou bem clara, Parabens, continue,Otimo.